domingo, 21 de outubro de 2012

Encontro


O dia findo com as folhas de chá no fundo. Sol imerso com dois torrões doces na infusão marinha da empatia gratuita. Homem e mulher ouvindo cair na ampulheta vazia a areia dos seus castelos demolidos pelas ondas sem memórias, agora unidos na vastidão da praia. Suas pedras de sapato esmigalhadas, desfeitas em anonimidade: problemas de qualquer outro. Os cílios, descortinando dos olhos, piscam o compasso da música estática de um tempo que não passa. Braços dados, doados na verdade, dançam quietos nos ombros dos desconhecidos que se amam desde nunca. Almas sem carteira de identidade ganham três-por-quatro horas sem nomes, história muda. Companhia no conforto do silêncio por um único dia — porque sempre era muito pouco.

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