segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Os Homens Vazios, de T. S. Eliot

Uma homenagem ao Dia do Soldado (25 de agosto).

Os Homens Vazios
T. S. Eliot (Tradução: Heber Costa)


I

Somos os homens vazios.
Somos os homens empalhados.
Tombando juntos
com capacetes cheios de palha.
Que desgraça!
Nossas vozes ressecadas,
quando sussurram juntas,
são mansas e incompreensíveis
como o vento na grama seca
ou ratos por sobre os cacos
de nossa adega consumida.

Forma sem formato,
sombra sem cor,
Força paralisada
num gesto sem movimento.

Aqueles que viram com os próprios olhos
o Reino da Morte.
Lembrem-se de nós
— se é que lembrarão —
não como almas perdidas e violentas,
mas como os homens vazios.
Os homens empalhados.

[...]

III

Esta é a terra dos mortos.
Esta é a terra dos cactos.
Aqui os ídolos de pedra são erigidos,
aqui recebem súplicas
da mão de um homem morto
sob os últimos cintilos
de uma estrela que se apaga.

Não é assim que é
no Reino da Morte?
Caminhando na solidão
até a hora em que
trememos de ternura
e os lábios que outrora beijavam
fazem preces às pedras fendidas.

IV

Os olhos não estão aqui.
Não há olhos aqui,
neste vale de estrelas decadentes,
neste vale vazio.
Esta mandíbula fraturada de nossos reinos perdidos.

E, neste último lugar de encontro,
tateamos para junto dos outros
fugindo à fala.
Reunidos às margens de um rio profundo.

Sem a visão, a menos que
os olhos reapareçam
como estrela perene,
rosa multifoliada
do Crepúsculo, o reino da Morte:
a esperança que resta
aos homens vazios.

V

[...]
Entre a idéia
e a realidade,
entre o movimento
e a ação,
recai a Sombra.

Porque Teu é o Reino


Entre a concepção
e a criação,
entre a emoção
e a reação,
recai a Sombra

E a vida é longa demais

Entre o desejo
e o espasmo,
entre a latência
e a existência,
entre a essência
e a descendência,
recai a sombra.

Porque Teu é o Reino


[...]

Porque é assim que o mundo termina
Porque é assim que o mundo termina
Porque é assim que o mundo termina
Não com um estampido,
mas com um lamento.


Leia o poema original.
Ouça o poema original.

3 comentários:

Catarina de Queiroz disse...

Boa tradução. Eu li o original. São como homens-espantalhos guardando a plantação. Colocados lá por um general-fazendeiro e abandonados à mercê dos corvos. Bjs

Malthus de Queiroz disse...

Bóra, monstro. Não saco muito inglês, mas gostei do poema em português. That`s it! uhuuuuuu

Unknown disse...

Gosto muito mais da tua versão. Mandei pro teu orkut a outra tradução. Deixo um trechinho de A CANÇÂO DE AMOR DE J. ALFRED PRUFROCK:

Sigamos então, tu e eu,
Enquanto o poente no céu se estende
Como um paciente anestesiado sobre a mesa;
Sigamos por certas ruas quase ermas,
Através dos sussurrantes refúgios
De noites indormidas em hotéis baratos,
Ao lado de botequins onde a serragem
Às conchas das ostras se entrelaça:
Ruas que se alongam como um tedioso argumento
Cujo insidioso intento
É atrair-te a uma angustiante questão . . .
Oh, não perguntes: "Qual?"
Sigamos a cumprir nossa visita.