sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Delírios amorosos

Te vi pela primeira vez num verão vil em teus olhos primaveris. Era só uma tarde suja de um dia torto, mas tudo ficava certo nas órbitas precisas de teus olhos, circundando firmes minhas intenções. Teus cabelos ondulavam lavados por longas lágrimas antigas, longas línguas sofridas, lambuzando teus lábios de vento, corda que me enforcava a cada centímetro. Se só uma vez eu fosse maior que teus desejos, que teus olhos, fugiria às tuas inocências tristes e teus olhos pedintes. Mas não fui, nem sou. Sou apenas uma alma triste, um soul cheio de blues. Sou dependente químico de tua sinceridade inebriante — um vício que até hoje me oxigena e me assola, solamente hoje. Um beijo roubado foi crime, delito e cadeia de minhas prisões, pressões que me prenderam. E a epiderme de meus maiores medos descama, descamba louca nas águas que derramaste de meu âmago, teu amado amigo, macabro vidro que te refrata, que contém o que contam a cada nova história, a cada novo dia, a cada nova vez que te tenho nos meus quadros, pintura rústica de tempos que nunca foram.

2 comentários:

Unknown disse...

Sabe quando a gente fica na ansiedade que a surpresa vai ser boa e ela consegue superar a nossa expectativa? Foi assim que me senti!
meu orgulho!

Liliane disse...

Pessoa, com sangue, coração e cérebro, em frente ao espelho - foi assim que me senti. Muito bom o texto, Heber. Pra variar, parabéns! rsrsrs Beijo.