sábado, 12 de março de 2011

Leito de Morte

Thomas Hood (1798-1845) [Tradução de Heber Costa]

Vigilamos seu fôlego noite adentro:
Um fôlego débil e meigo
Como a maré da vida num perene
Fluxo-influxo em seu peito.

Nosso falar parecia silêncio
E os gestos, sob forte brida
Por devotarmos quase toda força
A um prolongar de sua vida.

Da própria esperança brotava o medo,
E do medo a esperança ressurgia —
Quando a víamos morrer, dormira;
Quando pensamos dormir, morria.

Chega a opaca e sombria aurora
Com uma frieza matinal que arrepia,
É a hora que suas pálpebras se calam
numa aurora que não essa do nosso dia.


The Death-bed

We watch'd her breathing thro' the night,
Her breathing soft and low,
As in her breast the wave of life
Kept heaving to and fro!

So silently we seemed to speak —
So slowly moved about!
As we had lent her half our powers
To eke her living out!

Our very hopes belied our fears
Our fears our hopes belied —
We thought her dying while she slept,
And sleeping when she died.

For when the morn came dim and sad —
and chill with early showers,
Her quiet eyelids closed — she had
Another dawn than ours!

Um comentário:

Tempo Temporã disse...

Bela tradução! Me lembrei da morte de Ivan Ilich ao lê-lo.