sábado, 5 de julho de 2008

En Passant

Alguém já disse que o bom e o ruim da vida é que tudo passa. Poderia ser o subterfúgio perfeito para preencher o cotidiano de um carpe diem cheio hedonismo e consumo desenfreado. Para aqueles que têm um vazio infinito entre as costelas, porém, o dia en passant é só uma sensação angustiante de que está deixando de fazer algo que a vontade imprecisa define como qualquer coisa. A ironia é que, quando livres das obrigações, fazer nada parece sempre a opção que restou e é servida junto com pensamentos do que falta fazer. É questão de debulhar logo as horas pra chegar no próximo compromisso e depois dizer que está muito ocupado catando-as pelo chão. Pra quê, afinal?

3 comentários:

Catarina de Queiroz disse...

Todo mundo gosta de dizer que não tem tempo, mas você vai sempre encontrar essa pessoa tomando uma cerveja no bar (ao menos um dia na semana)! Você está muito filosófico, meu amigo. Bj

Malthus de Queiroz disse...

Tem um amigo meu que está desempregado e já terminou os estudos, mas sempre que eu o chamo para tomar uma cerveja, ele diz que não pode porque o tempo tá curto, coisa e tal. Eu disse a ele: meu velho, você é o cara desocupado mais sem tempo que eu já vi. Mas essa historinho é só pra ilustrar o que tu falou: esse discurso de "sempre ocupado, sem tempo pra nada" muitas é dito com orgulho, mas às vezes esconde uma lacuna que nunca é preenchida por nada, nem por diversão alguma. Esse parece ser mais um vício da vida moderna. abraço, velho

Catarina de Queiroz disse...

Esse é o cara!